
Campanha ANA: Você
iniciou nesse processo como adolescente, e hoje como profissional o que você
poderia dizer que vê de outra forma agora, a partir desse lugar que ocupa?
Carlos Alberto
Junior: Sim, iniciei como adolescente participante de conferência e hoje
como adulto trabalhador enxergo que é um caminho muito complicado e também a
luta é muito difícil, vivemos numa sociedade que nos coloca um processo
patriarcal, capitalista e você se manter nessa luta, inclusive para a própria
família né? Eu fiz universidade graças a
programas federais gratuitos como Pro Uni e minha trajetória foi dentro dessa
construção profissional e a família também muitas vezes não entende isso como
um modelo de trabalho. E eu comecei com
adolescente muito novo e a gente meio que causou uma “revoluçãozinha” em São
Paulo a para mudar essa ótica das meninas e dos meninos que participação desse
espaços, e hoje cada vez mais a gente precisa abrir metodologias de trabalhos para atender essa galerinha. No meu
tempo de militância, a gente não tinha acesso ao celular como a gente tem hoje,
a mídias sociais chegaram a pouco tempo, então como a gente consegue também
adequar as metodologias junto a essa molecada, dar oportunidade. E também não
colocar neles uma sobrecarga de responsabilidade e informação que eles não tem
que saber né. Pois eles e elas também que curtir se divertir e também lidar com
essas questões, mas que não seja obrigatório.
Campanha ANA: O ECA chegou agora aos seus 28 anos, como
profissional que atua no SGD, qual maior desafio você enfrenta garantir os
direitos de crianças e Adolescentes?

vontade política. Vaga em creche e criar cadeias para os meninos são os campo de maior atuação das propagandas eleitorais, e não se vê vontades em prever formação, Profissionalização, atendimento de qualidade e redução das violações.
Campanha ANA: Você
acha que a participação dos adolescentes ao longo desses anos foi
fortalecida?
Carlos Alberto
Junior: A participação vem avançando cada uma de uma forma e eu vou pegar o
Precisamos pensar também os espaços se eles
estão prontos para aceitar essa voz, que muitas vezes é diferente, prática,
achada, perdia, coletiva e individual e que são vozes que precisamos aprender a
respeitar. A participação cada vez maistem avançado, cada vez mais temos criados novos mecanismos. SP tem um exemplo
de vozes que para mim entra na história do pais que foi as ocupações escolares,
pois esse processo mostrou o quanto meninas e meninos estão prontos, que eles
sabem o que querem discutir e debater dentro da ótica dos direitos
humanos.
exemplo daqui de SP. Desde 2005 a gente faz conferências lúdicas que separa em
dois momentos onde primeiro é só com crianças e adolescentes e depois,
adolescentes e adultos. Então a gente consegue maximizar inciativas como o G27
(grupo representante de adolescentes organizadores das conferencias nacionais)
lá atrás onde se reivindicou esse processo de participação, cobrar o que hoje a
gente chama de CPA – Comissão de Participação de Adolescentes – E precisamos hoje
refletir se o CPA é totalmente Inclusivo...
Campanha ANA: Diante
de todo esse cenário de retrocesso de direitos em que estamos vivendo, o que
podemos fazer para garantir a proteção de c/A e manter nossos avanços?
Carlos Alberto Junior: Precisamos dizer que vivemos um momento de golpe. O golpe ele é dano não só na ótica da
eleição da presidente Dilma que sofreu o impeachment, mas na ótica dos
direitos, mas o golpe aconteceu para favorecer os interesse do capital e
retirar direitos, temos a PEC 55 que congela os gastos nas áreas sociais. O que temos visto é que cada vez mais
crianças e adolescentes não são prioridades, é só segundo plano de uma gestão
de governo, ou o último plano. E como a
gente vai fazer? Precisamos enquanto
sociedade civil nos fortalecer, e isso perpassa pela articulação entre nós do
movimento, por que existe o movimento, tem gente fazendo, tem gente lutando e
sonhando. A gente precisa juntar esse
povo. E isso tá nos micros, não digo nem dos macros, tem que juntar o grêmios
com as associações de bairros, com os fóruns, com as igreja que acham o
território importantíssimo e desenvolver algumas ações que possam de fato não
violar mais direitos. Precisamos articular as bases, e fazer isso é chamar o
povo. Alguém precisa chamar o povo e esquecer as posições partidárias,
religiosas e juntar a galera para trocar ideia e pensar ações de fato que
enfrentam esse congresso, aproveitar o processo eleitoral deste ano, que será
super delicado e tentar renovar. Mudar o processo político participativo e pensar
outros mecanismos. Investir numa democracia participativa coletiva, acredito
que é um caminho. Fortalecer o Conselhos de Direitos da Infância que podem
deliberar sobre a política para infância como espaço que pode fazer esse
enfrentamento, nós precisamos fazer isso.
Campanha ANA: O
Brasil está retornando ao cenário dos anos 80 e 90, seria possível fazer uma
breve avaliação dos movimentos de infância daquela época do cenário atualmente?
Carlos Alberto
Junior: Tenho me preocupado com a
volta da ditadura e não podermos mais falar em direitos. Mas naquela época o movimento não tinha a
política de proteção integral da infância, não se tinha uma constituição
humanizada, e foi uma época em que se conseguiu avançar, e a informação
demorava muito mais, não tinha face, whats app e nada disso. Daí o que precisamos
nos aproximar dessa ferramentas. Antes
uma violação de direitos que a gente demorava meses para saber, hoje chega para
gente em segundos é só postar. A gente
está dialogando agora para uma ação do boletim Campanha Ana e nem estamos nos
falando presencialmente. Então a gente precisa aproveitar desse mecanismo de
informação para podermos avançar nos debates, e também olhar para atrás e vê o
exemplo do gás, da luta e energia, no olhar coletivo como todo e daí precisamos
tirar o chapéu para o movimento de meninas e meninos de rua e que se mobilizou
e se organizou para trazer essas crianças e adolescentes tão invizibilizados no
Brasil para o debate a nível nacional e a gente conquistar o ECA. Precisamos
olhar para esse exemplo de mobilização, pessoal, coletiva e pensando num tom
maior para conseguirmos avançar nesse século.
Campanha ANA: Como
você avalia os cortes de gênero, raça e orientação sexual nas instituições que
trabalham com crianças e adolescentes, isso é levando em conta no cotidiano das atividades
metodologicamente?

Campanha ANA: O
sistema socioeducativo tem sido um dos principais violador do ECA. O que você
acha que falta a esta política para ela se transformar de fato em uma política
de proteção e novas oportunidades para os adolescentes resinificar essas
violências causadas pelo sistema que de vítimas passam a serem vistos como
agressores?

Campanha ANA: Por
fim, há alguma questão que gostaria de acrescentar?
